Quem observa o mundo com tanta avidez e curiosidade?

Quem observa o mundo com tanta avidez e curiosidade?Aqui vão algumas impressões do nosso cotidiano. Compartilhe também suas imagens e suas palavras!!!



segunda-feira, 19 de julho de 2010

O PRETO


É tão triste o preto,
Não participa de ti,
Não aparece quando choras,
Nem ao menos quando sorri.

Não aparece no arco-íris,
Nem ao menos no luar,
Não aparece nas nuvens,
Nem tão pouco no mar.

Mas aparece nos teus cabelos,
E nos olhos de uma paixão,
Aparece nos peixes,
Mas não em teu coração.

E este peixe que é preto,
Nada nas profundezas escuras do mar.
Quer ficar no céu,
Quer fitar o luar.

DÁ-ME TUA MÃO


Na imensidão do quarto, vazio,
Restam apenas trapos de sonhos,
Onde a face amarelecida dos anseios,
Já perdeu todo o encanto.
Onde a vida tornou-se música,
E o fruto, amadurece em pranto.
Sendo o desprezo dos homens,
Parede que ainda cobre o meu guia.
Pobres! Colhem o que plantam,
Plantam do que colhem, um dia.
Esperam simples fruto da inspiração,
Que fora lançado no espaço perdido.
Sim, foi lançado o grão.
Onde o fruto do amor já nasce apodrecido,
Onde a estrutura da vida,
Já perde a razão.
E a esperança d'alegria?
Mal sabes, virou-se em lágrima escorrida.
Agora, homem cansado,
Que recebeste tanto "não",
Escolhe teu passo,
Ergue a cabeça,
Estende o braço, dá-me tua mão.

FUGA


Deitado, esperando alguém,
Quando as gotas de soro me fartam.
Enquanto as vidas me castram,
O pensamento de botequim.

Você come o progresso,
Arrota fumaça.
Esmaga com os pés o prisioneiro vivente,
Enquanto o peito reclama ardente,
Da mais pura e vã cachaça.

A vida agora lhe escorre...
O tempo passa mas volta,
Afogado nos copos de um bar.
Sufocado, na vida se solta,
Esquece problemas, mágoas de um lar.

Sete filhos o esperam impacientes:
"- Que dinheiro para o caixão?"
Cria problemas quando vivo.
E morto, esconde-se no chão.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Pássaro Perdido

Noites de Fevereiro


Em cena, a lua, hipnotizante.
A atriz entra, enfeitando o cenário.
Saindo "Love me Tender" da sintonia.
O público presente, respeita o horário.

A atriz fita a lua cheia,
Que passa, lentamente, pela janela,
Esta, quase que inerte,
Não fosse sua própria imaginação a vendo abrir,
E seus olhos a descobrir,
O que o coração não sente.

Agora, sentada, esquece onde está,
Quase que imperceptível,
Ao som de "Suspicious in Your Eyes".

E esperando nova atuação,
Vê o cenário se desmanchar,
E o público a acalentar,
O sucesso em nova sintonia.

E com um coração infadonho,
Com a ilusão de que se infesta,
Transforma a vida em sonho,
P'ro desfecho da peça.

Contra o Tempo, Contra o Vento...


Na mesa redonda,
Olhares se evitam,
Olhares se irritam,
Transportam mentes oprimidas...
A boca se abre...
mas cala.

O ouvido escuta,...
mas não ouve...
Por que não o quer.

A vida lamenta,...
mas corre feito bala.

E o homem, engatilha no tempo.
Corre na frente.
Carrega o passado nas costas,
O momento nas mãos...
a luta na frente.
ESCRAVO, de sua própria desventura.

De pensar em possuir-te,
Perde-se no seu tempo,
Já não vive.
Suma criatura.
Prevê o futuro,
Onde não há mais futuro.

Retrato vivo da liberdade,
Trancafiada ns asas do céu.
Porque assim o fez,
Eis a verdade...

ESCONDE-TE! AVANTE!
Acolá? Resto de véu.
Pedaço de sua própria agonia.

Pois agora,
Minha boca já quer falar-te...
Não se abre mais!

Agora, quero escutar-te e a teus versos meigos...
Já não me ouves!

Agora, quero viver!
Mas tua tez, encoberta, responde-me NÃO!

A morte te vence...
suplicas perdão!

Lá Estava


Lá estava,
A mesma face triste, só e fria.
Refletida no espelho.
O mesmo que por si só transparecia,
Na alma, em sua pequena imensidão,
As músicas que invadem os sentimentos,
Consolando um coração.

Lá estava,
Com o brilho de seus olhos,
Que cegaram-se às custas de um amor,
Assim conquistado por longos cabelos.
Cabelos negros sim, que os tapavam.
E seus lábios?
Mortalizados, porém quentes.
Pobres! Já não cantam mais o que há muito cantavam!

Lá estava?
Sim, sorrindo que por encanto,
E sua imagem,
Que já não refletia,
Evitava derramar seu pranto.
Fugia-lhe uma lágrima,
Mais de passagem, ou de pura euforia.
Agora, seus lábios
Resguardam seu sorriso.
Os cabelos continham-lhe a face,
A mesma face triste, só e fria.